As Mãos Esquecidas
O berrante não se toca sozinho
a colheita não se faz sozinha
a terra seca
corrigida pelo calcário
não se realiza sozinha
O Fazendeiro vende e lucra
o lavrador planta e produz
como pode tanta sina
o fazendeiro se realiza
e o lavrador se agoniza
Por distâncias percorridas
por meio de caminhões
navios, trens ou aviões
tantas mãos carregaram
quantas vidas passaram
Poderias reconhecer
em um supermercado
no mercadinho da esquina
na padaria ao lado
no seu prato diário
o aroma da terra ao saborear?
É a vida de uns vários homens
que tocam o berrante
realizam a colheita
corrigem a terra
Consegue lhe dar rostos
feições odores corpo?
o vazio das relações
de plantio a compra
Aos homens que lhe são negados
os amores e ofertado os pavores
para onde vão ao fim de sua labuta?
Tantas vidas perdidas
Muitas histórias sofridas
Se foram ou se vão?
Não se sabe, não se viu
A quem tenha curiosidade
Avise!
As mãos que desejam escrever
As mãos que desejam escrever
sobre as mãos esquecidas
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