A falta que o Vermelho faz

Acordei em meio a um domingo abatido e nublado, o Sol teimava em não sair das nuvens e anunciar o clarão do dia que se inicia. Mostrar seus solstícios vermelhos que parecem vislumbrar a vinda do clássico mais aguardado do Centro-Oeste. Nega Brechó olhou os céus e as horas, contando os momentos do clássico. Darth Verde já em pronto com seu traje resolveu olhar as horas e preparar seus apelos, emoções. 

Ela lembrou daquele 5 x 3 monumental, com seu radinho de pilha ligado no AM com o descritor das ações, Edson Rodrigues, tantos craques do selecionado alvoverde e do lado alvorubro deliciaram seus torcedores num jogo de arrepiar, lembro de jogarmos na rua e ouvirmos os gols, os risos colorados e o choro alviverde  que contornou os corações por anos em meio as gozações e os escárnios. 

Quantas histórias se fizeram, Serra Dourada lotada, famílias, geral, Antônio Pereira no apito( a quem diga que não foi recebido muito bem no clube de tênis onde treinava...), Tim  e sua canhota marota, Araújo o maior ídolo alviverde, Fernandão e Donizete que devem tabelar agora entre os anjos e criaram seus times celestiais em nome da paixão térrea aqui alimentada. 

Ele lembrou daquele memorável 6 x 1 que varreu a torcida colorada e que ficou marcado como um placar acachapante e de gozações por tempos, a quem diga que Marcos Rassi não parecia imparcial quando impiedoso, fez soar e finalizar com o final do calvário colorado. Harlei, Romerito e Iarley desfilaram no relvado toda a categoria sobre um Vila Nova perdido com Gilson Kleina e cia. 

O Goiás sem o Vila Nova é como o queijo sem a goiabada, é a falta de história, de rivalidades. Hoje, nem a polícia terá trabalhado, nem os torcedores terão entusiasmo, nem na Vila Nova se ouviram fogos, no Universitário e não se ouviram as torcidas em descida, gritando e cantando. 

O estádio nem parecerá um caldeirão, Nega Brechó não se teceu de vermelho, Afonso não pode pedir paras pessoas sentarem e assim contemplar a peleja, Tarihan não irá saltar em euforia ou arrancar os cabelos de tristeza pelo que vir a ocorrer. Como podem ter deixado ocorrer?

A falta que o vermelho faz, nessa manhã de domingo pude ver que até o Sol teimou em sorrir em meio a tanta proibição. Até o verde não anda sorrindo com suas flores que envolvem nossa cidade, mas a chuva de tantos torcedores podem ser sentidas por aqueles que estão no céu. Seu Goiás e Zé Antônio estão agora se reunindo na geral, junto com Zé do rádio( ele foi convidado por que possuía AM), ouviram o jogo e torceram para seus times em meio a festas e gritos no céu. 

Cá embaixo, ouviremos gritos em bares, por meios televisivos. No estádio, ouviremos um grito uníssono ou um silêncio fúnebre. Que falta um vermelho faz, que falta o verde também fará no returno.