Depoimento

De Campos Belos levo os morros
As gangorras cotidianas
As cismas de minha vida
Foi de lá que achei

Estudo dinheiro terras
Diziam que foi tomado
Do meu avô golpe de morte

A avó  semianalfabeta
Em muda face, tadinha
Nada ficou-levou
Nem o corpo enterrou

Campos Belos dividiu casas
Tomou terras
Separou vidas

Virou uma memória coletiva
De dor compartilhada
Pura melancolia

As pessoas afetadas
Saíram de corpo
Mas deixaram a alma
Perecem em podridão
do que foram e não são

Saí de lá no colo
Hoje no espelho
A cada olhar me vejo

O não permitir de ter sido
O conforto negado
O apelo não dado
O contato forçado

Estranhamento no espelho
Os olhos marejam de pensar
A saudade não vivida
Um colo pra morar

Comentários

Postagens mais visitadas