Estátuas

Na cidade sinto o cheiro dos carros
Aquele cheiro de azedume 
As estátuas correndo para lá e pra cá 
Enferrujadas feito depósito da ETE

As pessoas também tem cheiro de agridoce 
Parecem beber vinagre para arrotar mel
Ou para mijar doce mesmo 
Nem elas sabem como vivem 

Já esqueceram do óleo que afrouxa 
A carnadura enferrujada de bronze
As estátuas como sol, as pessoa também 
As estátuas observando correndo
As pessoas correm observando carros 

Por descuido os carros passam pelas pessoas 
Elas ficam em estátuas estáticas estiradas 
No chão, intactas ou despedaçadas 
As vezes, os carros parem e deixam o cheiro de azedume de lado 
Outros vezes eles correm e o azedume se faz forte 

Tem gente que cobre pra não se descobrir ou pela vergonha ao outro
Tem gente que torce pro vento desencobrir e perder a vergonha pela curiosidade 

Estátuas botão a mão ou fingem demência 
Isso ocorre quando a lei pede clemência 
Aos que tem posse demais na vida das pessoas e das estátuas 
Para estas se alega que não se viu ou tem demência 

Seus carros tem cheiro de alecrim dourado 
Pinheiros, gasol ou são híbridos 
Não corrompem a natureza
Apenas a compram em parcelas
Seja ela arbórea ou humana 

As estátuas agora se encontram no ônibus sanfona 
Enferrujadas torcem para chegar em casa no banho de ácido sulfúrico na falta de óleo
De manhã passam querosene para dar um turbo 
Estátuas tem cheiro de lixo robusto  

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