Meramente mortal

Encaro o tédio 
branco da parede do teto
Tenho medo que o amanhã 
Venha nascer morto 

O berçário da noite
não parece acolhedor 
Respira por aparelhos
o cruel dor 

Eu corro da dor,
Do sofrimento
mas encontro ódio
encontro rancor 

Me abraçam e valso
num caudaloso pântano
me afogo no choro que não dei
soubesse eu que não mártir

Não teria feito tanto 
Não teria sofrido tanto
deixaria minha vida em branco
Feito a folha na mesa da sala

O vento batendo na nuca
O sol queimando a cuca
a água na cintura 
Me levando mar adentro 

Afogando meus receios 
deixando de lado meu vazio
existencial em saber que sinto
que o derradeiro chega para todos 
e que sou meramente mortal

Comentários

Postagens mais visitadas