Centro Cultural
Caixas não dizem (ainda)
mas poderiam dizer
o dia que sentiram o frio
o cheiro, o riso, o escárnio
o perverso vazio de dentro
Fora de seu controle, caixas
diriam que foram violadas
perdidas frustradas feridas
por meio do sadismo de
mãos tão desapiedadas
Hoje, palco de convulsão
ou em grande euforia,
caixas viram horrores da cadeira
do dragão pau de arara choque
torturando vidas e almas
Quem vai contar as histórias das
vazias caixas da vida cultural?
quem irá fazer da memória
uma lembrança marginal?
As caixas seguem (em silêncio) sepulcral.
No poema, quando você diz "Caixa", a primeira coisa que me lembrei foi da cena em que Dufraine fica preso em uma solitária no filme "Um Sonho de Liberdade". O motivo foi simplesmente para silenciá-lo. Coisas que agente imagina ter acontecido também nas "Caixas", hoje culturais, que representam uma resistência a tudo que elas presenciaram em tempos que não queremos nunca mais. E mesmo as "Caixas", hoje em silêncio, ecoam as vozes insistentes de uma resistência cultural em dias de alienação digital. Ótima publicação/reflexão.
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