Atividade Cepae sobre "Canção do Exílio"


As atividades da aula passada, ministrada pela professora Ilse, foram na utilização de paródias do poema "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias. Primeiro a professora explicou aos alunos o que é paródia e como está pode manter em certos aspectos a métrica e até o ritmo do poema original para dar um tom de denúncia ou provocar o riso. Foram usados cinco poemas, todos do século XX e refletindo a geração modernista e até experimentações concretistas e de denúncias políticas. O primeiro na folha foi “Canto de regresso à pátria” de Oswald de Andrade que faz uma paródia ao texto original e apresentando aspectos urbanos e sociais da cidade de São Paulo no começo do século XX. Vejamos, portanto, um trecho à seguir que confirma a levantamento exposto em sala de aula pela professora e constatado pelos alunos 

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte pra São Paulo
Sem que eu veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

O Segundo poema foi de Murilo Mendes que remete ao poema parodiado. Em "Canção do Exílio", Mendes mostra a desigualdade social e como o desenvolvimento provocado por disparidades econômicas não permite o desfrute do brasileiro pelos seus produtos que mais servem para aleijar a este da inclusão social como neste trecho:
Eu morro sufocado
Em terra estrangeira
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas são mais gostosas
Mas custam cem réis a dúzia.

O terceiro poema foi do poeta Mário Quintana chamado "Uma Canção" em que o poeta se sente um exilado em seu país. A denúncia deste exílio se faz pelo ano que foi feito o poema, 1975, que nos faz lembrar o período ditatorial vivido no país de 1964 até 1985.
Mas onde a palavra “onde”?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus de minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!

O quarto poema foi de José Paulo Paes que se chama 
“Canção de Exílio Facilitada”. O autor em experimentações que lembram o concretismo faz uso da rítmica do poema original para dar um tom engraçado ao poema original.

lá? 
ah!  
sabiá... 
papá... 
maná... 
sofá... 
sinhá... 
cá? 
bah

Por fim, o último poema foi de Jô Soares. Em “Canção do Exílio às Avessas”, Soares imprime um tom humorístico em que o eu lírico seria, a época, o ex-presidente


Fernando Collor de Melo. Collor escreve em suplica e desejo que não saia da casa da Dinda após fazer desta um paraíso particular e próximo ao impedimento que ocorreria no ano de 1992. O humor ácido e as colocações pontuais de Jô Soares fazem do poema uma denúncia e um retrato histórico do momento vivido pelo país após o período ditatorial. 


Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió
Pois no meu jardim tem lagos
Onde canta o curió
E as aves que lá gorjeiam
São tão pobres que dão dó.

(...)

E depois de ser tratado
Pelo PC, com xodó,
Não permita Deus que eu tenha
De acabar no xilindró.

A aula soube atingir o seu resultado. Propiciou aos alunos experiências que pudessem identificar o que é uma paródia, sua intenção e em qual contexto histórico que pretende retratar até denunciar em seus versos. 


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