A Intertextualidade na obra O Fantástico Mistério de Feiurinha




Introdução

A obra “O fantástico Mistério de Feiurinha” será estudada com finalidade de explorar a intertextualidade definido-a e buscando a sua característica dentro do livro, a paráfrase retomando e dialogando com os textos presentes na obra e a relação entre escritor e oralidade. Alguns autores serão utilizados para a fundamentação do texto e o seu entendimento. 

A criação de um conto de fadas se dá pelo processo de diálogo com outros textos para a sua formação. As características do processo de um conto de fadas já é retirado em seu início quando a história não se inicia no passado, mas no presente em que o narrador levanta as questões com o levaram a essa aventura que procuram explicar ao leitor no que vem a ocorrer em sua obra e, por quais motivos, várias princesas se fizeram presente no seu cotidiano em busca da solução do mistério.

2 Intertextualidade


Para compreender o que é intertextualidade e como ela se encontra na obra é necessário procurar uma definição. Pegamos a definição de ASSIS(2007,p.4 apud FIORIN & PLATÃO 1999, p.19) de que a intertextualidade é “a citação de um texto por outro, o diálogo entre textos” porém essa definição é muito ampla e se faz importante ter uma delimitação para um melhor avanço logo ASSIS(2007, p.4) “os textos nada mais são do que a consubstanciação da cultura no interior da literatura”. 

Com parte dessa citação podemos compreender o processo que envolve a literatura, como isso se manifesta e por quais meios ela busca um diálogo para com a cultura e a sociedade pela memória ou retomada do texto, seja escrito ou oral.




2.1 O Intertexto presente na Obra

Como já fora delimitado o que é intertextualidade agora qual está em maior evidência em “O Fantástico Mistério de Feiurinha” entretanto é preciso definir o que é o que são esses tipos de intertexto que segundo ASSIS(2007, p.5) “As retomadas podem, assim, ser mais ou menos explícitas, a depender pela qual essa foi retomada é feita. E é por isso que se fala em tipos de intertextualidade.” afinal, ao falar desses tipos e possuir uma variedade explícita de intertextos é preciso procurar qual o intertexto melhor encaixa na análise da obra. 

Ao decorrer da leitura da obra é perceptível a retomada de textos para a dinâmica e a relação que se procura estabelecer entre o leitor e o interior desta. A forma de intertextualidade que se caracteriza pela retomada de outros textos em uma obra de caráter explícito é a paráfrase que se encontra presente em toda a obra seja para contar o fato ou rememorar acontecimentos que inserem as personagens na história.

 Há também, em menor escala, a presença da paródia para narrar os conflitos e as situações cômicas das personagens principalmente, a união para encontrar Feiurinha e a descrição dos príncipes. Com a definição estabelecida será feito ao decorrer uma análise das questões que envolvem a obra, retomadas e a constituição da memória oral e escrita dos contos de fadas.

3 O Fantástico Mistério de Feiurinha

Pedro Bandeira toma uso do conhecimento escrito e do imaginário familiar popular para contar o que ocorre em sua obra. Antes do Era uma Vez… há um processo anterior que é a criação da personagem e a sua sedimentação com aventuras, conflitos e um final feliz e eterno, ao menos nos contos de fadas. No início o tradicional pretérito é trocado por algo presente que levanta ao qual, um escritor de contos se vê em um conflito nas histórias dos contos de fadas pelo desaparecimento de Feiurinha. 

Essa história é chegada através dele por Caio, um lacaio do castelo de Branca Encantado, anteriormente Branca de Neve. Após este fato o escritor passa a narrar os acontecimentos inserindo o leitor num mundo já conhecido e familiar do mesmo com as personagens já transformadas pelo tempo. “Era uma vez, há muitos, muitos anos atrás mais vinte e cinco anos, uma senhora de cabelos negros como o ébano, onde já começavam a aparecer alguns fios brancos como a neve…”(p.12). 

O que ocorre depois é uma sucessão de processos familiares com pequenas alterações para situar o leitor sobre as personagens e as suas mudanças e como tudo ficou como devia estar com as personagens “ Chapeuzinho ficou solteirona e encalhada ao lado de uma velha cada vez mais caduca.” (p.13), “- Esses sapatinhos de cristal estão me matando!...” (p.23). 

Os conflitos que agora se formam com tantas princesas , suas vaidades e histórias em busca de uma reafirmação da grandiosidade da obra de cada uma “Onde já se viu ficar morta anos e anos ao relento! Aí vem o Príncipe Encantado dar um beijo numa defunta que está morta e esticadas há anos e anos!”(p.25).

Mas é preciso compreender onde ocorre essa paráfrase e quando essa inserção das personagens com o ambiente familiar de memória de suas obras em que os conflitos são deixados de lado para mostrar a importância que cada história tem no imaginário da sociedade. “ - Mas a minha eu sei que foi de Charles Perrault.” (p.43) “Vai ver foram Wilhelm e Jacob, os irmãos Grimm” (p.44) tais atores são citados para validar e introduzir o leitor ao universo encantado e como esses autores foram importantes para sedimentar a histórias na sociedade por meio da escrita que ao passar de anos foram vivenciados e/ou modificados de forma a atrair novos leitores.

A esta questão escrita e a parte que se perpetua por mais tempo em nossa sociedade. A língua e o seu imaginário precisam ser transportadas para um livro que seria no caso, um objeto que deposita e sedimenta as questões culturais do seu povo. “Compreendeu que elas também faziam parte do sangue de todos, ricos e pobres, negros e brancos, nascidos e por nascer.”(p.62). Esse depósito cultural de histórias encantadas tem princípio pela oralidade que passam por várias gerações e que podem ser esquecidas ou modificadas de forma leve ou de forma mais profunda apresentando até uma história totalmente diferente que possui uma intertextualidade com outras obras populares.


Implica assim então a importância de se passar histórias orais para as escritas para que não se percam histórias “Quantas histórias lindas, inventadas e contadas ao pé do fogo em noites de inverno por vovós imaginosas, perderam-se, foram esquecidas, por falta de alguém que as escrevesse.”(p.88). A capacidade de criação, a sensibilidade e a tradição popular por meio do seu imaginário é de suma importância no resgate e identidade de um povo, uma cultura e uma sociedade e a transcriação disto reforça a importância e a perpetuação deste sedimento cultural.

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