Lotérica à prazo

Os corpos vagos na rua
dão calafrios
dão tremuras

Esquecidos ao relento
padecem da não existência
deixados ao vento

Meu corpo poderia ser ali
Fui sortudo ou azarado?
Na loteria da vida
fui um acaso

O medo nos afunda
nas possiblidades não feitas
mas que teimam em estar ali
Ao escancarar os dentes da fome

Combustão que nos apequena
dá homeopáticas doses
prazer, realizar, viver, gozar

Cobram a nossa morte
em doses cavalares
cedo manhã noite tarde

E assim ao relento
Ficamos a espera do vento
que vem a ser um tornado
E isso é a nós Um acaso
E nos perguntamos
Como foi formado?

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