Ganhadores
O relógio marcava 20 horas, os ponteiros pareciam irregulares e em meio a dúvida, poderiam estar após ou antes das 20 horas. Em meio a solidão, Pedro pensava em seu isolamento, as horas vertiginosas as quais penava em seu apartamento, frio e solitário. Logo, chamou seus vizinhos, uns tipos diferentes do dele, mas que pareciam os únicos dispostos a sair para lhe fazer companhia.
Marcelo tinha barba, pele branca feito neve, olhos escuros e um cabelo negro com uma pequena calvície no centro de sua cabeça que lhe dava uns aspecto de parecer ter uma quipá. Cláudia possuía cabelos negros, uma pele que mais parecia uma pérola negra encontrada na mais rara ostra, olhos feito âmbar e um riso convidativo.
O apartamento era um tanto distinto, não muito grande e nem tampouco pequeno, cabia até com certo conforto duas pessoas, sua constituição era de azulejos brancos feito grãos de sal e suas luzes em tons amarelos não causavam desconforto, a cozinha aberta à maneira americana, o quarto com uma cama de solteiro, pintado em tom lilás – para dar sono – e um criado com livros dos seus preferidos em destaque, Gabriel Garcia Márquez em seu Amor em tempos de cólera. Ah, o amor era um vespeiro para o seu coração... queria sentir na realidade somente, as leituras que teciam em seu peito.
Lembrava das mulheres que entraram em sua vida, poucas, mas que lhes deixaram o perfume e o rastro de adeus ao saírem à porta. Lembrou da última que lhe cruzou olhares, Fátima que com seu nome de beata, mas que possuía furacões em seus quadris, olhares que fariam culminar guerras e mais guerras. A saudade bateu ao lembrar dela, com seus olhos verdes como a esmeralda, cabelos mais negros e valiosos como o petróleo e a pele mas avermelhada que as águas do rio vermelho. Lembrou dos risos, dos vinhos, das brigas e do adeus
- Não posso ficar contigo!
- Você é instável!
- Não se trata de competição!
Sentiu a porta bater como aquele dia, levou o vento, o riso, só ficaram as saudades, o perfume e as lembranças. Entorpecido em seus pensamentos, esqueceu da porta, nela a baterem com delicadeza estavam Marcelo e Cláudia.
Marcelo tinha barba, pele branca feito neve, olhos escuros e um cabelo negro com uma pequena calvície no centro de sua cabeça que lhe dava uns aspecto de parecer ter uma quipá. Cláudia possuía cabelos negros, uma pele que mais parecia uma pérola negra encontrada na mais rara ostra, olhos feito âmbar e um riso convidativo.
Pedro abre a porta, recebe o vinho e quando iam lhe ofertar um abraço
- Desculpe, a ameaça
- Ah sim! Mas somos humanos e necessi...
- De isolamento!
- Ok, entendido sire!
Os copos despejavam em um tilintiar do líquido roxo que parecia mais um doce que adormecia a língua, risos soltos e a comida sendo feita. Um escondidinho de ervilha com carne moída , preparado com cuidado, além de serem os únicos ingredientes disponíveis na casa para a realização de tal. Ao colocarem no forno, Marcelo aproveita para sugerir algo em meio ao sorvir do vinho tinto
- Que tal jogarmos um jogo?
- Claro, eu tenho vários aqui. Irei Pegar alguns...
Marcelo sorriu e explicou que não era necessário, eles poderiam criar um jogo é exercitar a mente.
- Terá regras? Prêmios?
- Não. Não. Sem essas necessidades.
- Mas quem vence? Quem perde?
- Não há isso no jogo.
Pedro discorda, range, parece uma criança embirrada no canto. Mas usa um argumento
- O jogo é uma criação coletiva, logo, no meu jogo podemos ter vencedores e perdedores. Podemos ter prêmios, reviravoltas, compras...
- Mas teríamos de concordar, não acha?
- Claro que vão concordar com essa ideia maravilhosa, parem com isso.
Tac! Pedro percebe o barulho do forno, ao retirar o escondidinho de carne moída, lembrou das noites com Viviane em que queijo e cervejas eram regadas com conversas e jogos e num destes ela se foi
- Você perdeu, chuuuuupa!
- Qual o prazer? Qual o sentido?
- Não dou ouvidos para uma perdedora.
- Calma, isso é insensível.
- Você é uma derrotada para o rei do jogo.
- Pedro, eu irei embora se continuar.
- A seleção natural privilegia quem é superior e se adapta melhor...
- Tchau!
No apartamento ficou o sabor da vitória, do perfume, mas reinou o vácuo e o vazio. Viviane era morena com sua cor caramelada, olhos em um castanho bem escuro, baixa como um perfume raro, e um olhar que fazia com que a paixão estivesse ali desabrochada...
- Pedro, você pode comer e beber também.
Pedro sorriu e se serviu, lembrou do jogo que estavam falando, pensou em inúmeros e sugeriu alguns
- Nós já decidimos entre nós um, logo você vai aceitar por democracia.
- Tem Vitória? Derrota? Pontos? Dinheiro?
- Não. Somente participação e conhecimento.
- Que ridículo! Que coisa é essa?
- Para com isso e vamos lá.
Pedro concordou, mas sugeriu que fechassem os olhos e falassem um número que equivalesse a uma letra do alfabeto e que falassem um tema relacionado.
Marcelo começou o jogo
- Número 2, bandas.
E lá se iam Marcelo, Claudia e Pedro falavam bandas com a letra b
- Beatles
- Bidê ou balde?
- Buena Vista Social Club
- Barão Vermelho
- Uau, Paulo. Você falou três bandas ainda que eu nem lembrava, estou impressionado.
- Deixe para nós mortais um pouco, ok?
- Adoro música.
Cláudia era a próxima
- Número 19, time de futebol
- Santos
- Santos Laguna
- São Caetano
- Santo André
- São Paulo
- Caramba Paulo! Estou impressionado, eu só falei o São Paulo pois é o meu time.
- Eu adoro futebol, mas o Pedro falou todos os possíveis.
- Sou santista fanático e amante do futebol, sabem que eu iria acertar bastante.
- Ok, sua vez.
- Número 17, procedimento cirúrgico.
- Essa é boa, eu não sei.
- Também não sei, caramba.
- Queiloplastia
Passou 1 minuto e os três desistiram. Pedro parecia triunfante, se sentia na frente mesmo o jogo não tendo pontuação.
- Haha, eu estou ganhando.
- Não vejo placar e nem contagem e você, Cláudia?
- Ue, eu também não sei de nada disso. Eu só quero aprender.
Mas, mal sabiam eles que Pedro estava com seu celular a pesquisar e com os olhos abertos somente pensando em seu êxito .
Marcelo e Cláudia time de mãos dadas, seus sorrisos parecem tomar o apartamento, fazendo alegria naquele ambiente frio. Soltam que até desconfiam de Pedro, mas nada fazem, apenas jogam.
Todos os números são falados e para cada um, Pedro possui uma lista enquanto ambos destilam uma ou outra letra.
- Inegável sua inteligência e capacidade Pedro. Você é desses achados da inteligência contemporânea, adoraria saber o que lê, estuda para tanto. Em meio ao discurso, o celular vibra uma mensagem
- Senhor Pedro, como foi o uso do Google? Vimos o uso de inúmeras pesquisas, deseja conhecer a nossa parte acadêmica?
Atônito e sem voz, a reação se faz retardada. Marcelo saca-lhe um olhar arrependido e Cláudia lhe tece um desabafo
- Não entendo!? Não temos vencedores, nem perdedores. Somente o saber, o conhecimento...
- Para que saber se não há no que ganhar?
- Nossa amizade vale menos que um jogo?
- Isso que fizeram foi uma companhia e no mais vale tudo! Azar o de vocês em não serem espertos.
- Mas a competição, a intenção era combater a...
- Competir é humano, é nosso, vocês e essa ideia de não competir...
Ao fim de terminar escuta um fechar intenso, parecia a batida da porta.
Pedro mal perde tempo, se agarra ao celular e liga para Viviane, o celular teima em tocar até que uma voz doce e suave o atende
- Oi Viviane, desculpe o horário
- Ah Pedro! Qual é?
- Eu liguei, pensando em nós, no que aconteceu...
- Desembucha
- Eu te amo! Vi o quanto te machuquei com as minhas ações, falei com os nosso bonecos e eles me deram razão.
- Que bonecos?
- Aqueles que ganhamos do Marcelo e da Cláudia, na viagem que fizemos a eles ano passado na Itália.
- Ah sim, e o que refletiu?
- Refleti que te machuquei muito e estou disposto a mudar
- Sim? Sério mesmo?
- Claro! Venha, comemos algo e tomamos um vinho.
- Sabe Eu quero te falar algo
- Meu Deus, amor. Fale!
- Então, eu descobri um novo jogo onde não há ganhadores e quem sabe....
- Você perdeu, chuuuuupa!
- Qual o prazer? Qual o sentido?
- Não dou ouvidos para uma perdedora.
- Calma, isso é insensível.
- Você é uma derrotada para o rei do jogo.
- Pedro, eu irei embora se continuar.
- A seleção natural privilegia quem é superior e se adapta melhor...
- Tchau!
No apartamento ficou o sabor da vitória, do perfume, mas reinou o vácuo e o vazio. Viviane era morena com sua cor caramelada, olhos em um castanho bem escuro, baixa como um perfume raro, e um olhar que fazia com que a paixão estivesse ali desabrochada...
- Pedro, você pode comer e beber também.
Pedro sorriu e se serviu, lembrou do jogo que estavam falando, pensou em inúmeros e sugeriu alguns
- Nós já decidimos entre nós um, logo você vai aceitar por democracia.
- Tem Vitória? Derrota? Pontos? Dinheiro?
- Não. Somente participação e conhecimento.
- Que ridículo! Que coisa é essa?
- Para com isso e vamos lá.
Pedro concordou, mas sugeriu que fechassem os olhos e falassem um número que equivalesse a uma letra do alfabeto e que falassem um tema relacionado.
Marcelo começou o jogo
- Número 2, bandas.
E lá se iam Marcelo, Claudia e Pedro falavam bandas com a letra b
- Beatles
- Bidê ou balde?
- Buena Vista Social Club
- Barão Vermelho
- Uau, Paulo. Você falou três bandas ainda que eu nem lembrava, estou impressionado.
- Deixe para nós mortais um pouco, ok?
- Adoro música.
Cláudia era a próxima
- Número 19, time de futebol
- Santos
- Santos Laguna
- São Caetano
- Santo André
- São Paulo
- Caramba Paulo! Estou impressionado, eu só falei o São Paulo pois é o meu time.
- Eu adoro futebol, mas o Pedro falou todos os possíveis.
- Sou santista fanático e amante do futebol, sabem que eu iria acertar bastante.
- Ok, sua vez.
- Número 17, procedimento cirúrgico.
- Essa é boa, eu não sei.
- Também não sei, caramba.
- Queiloplastia
Passou 1 minuto e os três desistiram. Pedro parecia triunfante, se sentia na frente mesmo o jogo não tendo pontuação.
- Haha, eu estou ganhando.
- Não vejo placar e nem contagem e você, Cláudia?
- Ue, eu também não sei de nada disso. Eu só quero aprender.
Mas, mal sabiam eles que Pedro estava com seu celular a pesquisar e com os olhos abertos somente pensando em seu êxito .
Marcelo e Cláudia time de mãos dadas, seus sorrisos parecem tomar o apartamento, fazendo alegria naquele ambiente frio. Soltam que até desconfiam de Pedro, mas nada fazem, apenas jogam.
Todos os números são falados e para cada um, Pedro possui uma lista enquanto ambos destilam uma ou outra letra.
- Inegável sua inteligência e capacidade Pedro. Você é desses achados da inteligência contemporânea, adoraria saber o que lê, estuda para tanto. Em meio ao discurso, o celular vibra uma mensagem
- Senhor Pedro, como foi o uso do Google? Vimos o uso de inúmeras pesquisas, deseja conhecer a nossa parte acadêmica?
Atônito e sem voz, a reação se faz retardada. Marcelo saca-lhe um olhar arrependido e Cláudia lhe tece um desabafo
- Não entendo!? Não temos vencedores, nem perdedores. Somente o saber, o conhecimento...
- Para que saber se não há no que ganhar?
- Nossa amizade vale menos que um jogo?
- Isso que fizeram foi uma companhia e no mais vale tudo! Azar o de vocês em não serem espertos.
- Mas a competição, a intenção era combater a...
- Competir é humano, é nosso, vocês e essa ideia de não competir...
Ao fim de terminar escuta um fechar intenso, parecia a batida da porta.
Pedro mal perde tempo, se agarra ao celular e liga para Viviane, o celular teima em tocar até que uma voz doce e suave o atende
- Oi Viviane, desculpe o horário
- Ah Pedro! Qual é?
- Eu liguei, pensando em nós, no que aconteceu...
- Desembucha
- Eu te amo! Vi o quanto te machuquei com as minhas ações, falei com os nosso bonecos e eles me deram razão.
- Que bonecos?
- Aqueles que ganhamos do Marcelo e da Cláudia, na viagem que fizemos a eles ano passado na Itália.
- Ah sim, e o que refletiu?
- Refleti que te machuquei muito e estou disposto a mudar
- Sim? Sério mesmo?
- Claro! Venha, comemos algo e tomamos um vinho.
- Sabe Eu quero te falar algo
- Meu Deus, amor. Fale!
- Então, eu descobri um novo jogo onde não há ganhadores e quem sabe....
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