Zé Canalha

Eu vou contar pra vocês
História que ouvi certa vez
Foi pessoa séria quem falou
No meio que o sinhô passou

Seu nome era Zé canalha
Amedrava até cobra que mata
O vento voltava
E os pelo rupiava

Quando avisou que em vinha
A cidade já esperava a sina
A correria já tava sendo feita
Prepara as armas e as seitas

Seu nome anunciava trovão
Tinha gente que via assombração
O padre desistia da missa
Esperando uma alforria divina

Homem que se achava valente
Se fez fazer dentro do caixão
Fez viúva usar acender vela
E chorar pela morte da paixão

Mas não ache que era sem coração
Temente a Deus, visitava o sacristão
Pedia para este a sua confissão
Terminadas as penitências, tomava a unção

Na base da peixeira ou da pólvora
Não sobrava um pra contar história
Já nem sabia porque matava
Se fosse possível, parava

Já amou mulher delirante
Dela foi tudo até amante
Deitava em seu leito envolvente
Mas o destino era sangue ardente

Se cansou da vida errante
Largou e foi virar dançante
Foi de cabaré prostituta
Tornou meretriz astuta

Parecia tropel de circo
Levava tudo consigo
Sem deixa um vestígio
Mal sabia o teu destino

De tanto fugir aceito o fardo
Pediu que fosse rápido
Sem ouvir os pedidos
Foi bem devagar no baço

Rim fígado estômago
Pulmão coração vísceras
Pausou com dor nas tripas
Ao furar teu amor, atônito

Já era hora e chegar a cidade
Parou em frente a charrete
Que mais parecia carruagem
Desceu e observou a paisagem

Encontrou a cidade deserta
Sem ninguém a sua espera
Já sabia que tinham avisado
Da sua chegada no planalto

Gargalhou sem muita vontade
Queria um duelo de verdade
Procurou a não encontrou gente
Nem mesmo havia algum indigente

Gritou com uma boca de prumo
Nessa cidade só se tem vagabundo
Se ouviu silêncio por alguns segundos
E veio a resposta de um nobre robusto

Você pode ser Zé Canalha
Mas para mim não é nada
Sua fama acaba agora
Com a minha navalha

O homem tava preparando a arma
Ouviu outro grito em vindo
Era de homem cheio e distinto
Pedindo apoio ao menino

A cidade saiu toda em volta
Zé Canalha se arma sem medo
Sabe sair de situações na revolta
E fazer valer a sua história

Está chegando a hora
De matar e ir embora
Quem ser o primeiro
A sentir a minha pólvora?

Não temos medo de tu
e nem dessa pólvora
Aqui é povo de história
Desbravador e com espora

Pra matar um vai ter de bala
Pode atirar, mas vai pra vala
Sua arma não tem bala milhão
Não vai suportar a irá da multidão

Se ouviu o pipoco
Começou a gritaria do povo
Jorrou sangue e tesouro
As vidas estavam em jogo

Nosso canalha matou um pouco
Sentiu o punhal derradeiro no peito
Caiu prostrado em frente ao terreiro
Sentiu calor que fazia o braseiro

A cidade agora já estava ocupada
Todas voltaram a sua morada
Já sabiam defender de emboscada
Poderia vir bandeirante até emboaba

Aqui chega um aviso ao mais ativo
Zé Canalha só morto quando se fizeram unido
Quando deram de enfrentar sozinho
O desafiante teve trocou o calor pelo frio

Essa é minha história de homem vivido
Locutor que a função é narrar o ocorrido
A gente só dá emoção pra um pouquinho
Mas não quer sofrer nem um tiquinho


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