Ano Novo, Vida Nova?
Muitos de nós somos expostos em véspera do ano que se finda a inúmeras frases otimistas de mudanças. Já ouvimos expressões como:
— Esse ano vou fazer minha lista para mudar!
— Tenho esperança num mundo melhor!
— Quero paz, alegria e muita saúde!
Ao pular das sete ondinhas, ao usar branco ou a cor da cueca e da calcinha, já percebemos algumas mudanças, de fato. A primeira que você estava seca e ficou molhada, a segunda que você deixará odores ou sujará a sua roupa e terá de lavar essa e por último, a cueca será trocada por outra no seu banho.
Pensando de forma profunda, essas mudanças tem solução prática e fácil, a sua intenção, portanto, não precisa ser repensada ou tateada. A não ser que seja muito supersticioso, essas mudanças não trarão nada de novo nem os desejos que evoca.
O mundo não parará de ter doenças, nem mortes, nem terá paz ou alegria. As enfermidades não irão com a conjunção astrológica tampouco com o que vem embalado no biscoito chinês.
Pois as mudanças na sociedade exigem tempo! Um tempo de maturação, apanhados, críticas e rompimento. As mudanças tem de ser concretas e repensadas a cada passo, pois as mudanças efetivas não podem ser alocadas de forma ágil ou supersticiosa. Ao exigir o confronto, a mudança também traz consigo a autocrítica e a humildade em reconhecer que, naquele instante, o limite que pretende atingir é aquele. Portanto, o desejo de viver um tempo que não seja o do capitalismo, a necessidade passado, presente e futuro conjugados num mesmo instante e sendo colocados como seguimento e não como construção. rodapé.
Logo, a maturação das lutas anticapitalistas estão em construção e, diferente do que pareça, seguem o seu tempo. Mesmo cinquenta e dois anos após o maio de 68, um tempo grande para nós, mas quase irrelevante para a história humana e pequeno para o capital, seguimos taticamente em construção e tateando. Explosões podem emergir em condição ligadas à circulação. Mas, a circulação sendo vital para nutrientes nocivos ou benéficos, não é vital para o fim da exploração que nossos corações e cérebros padecem.
Que o ano novo e a vida nova saiam da superstição e de posições conservadoras que nossa reflexão leve a mais ações concretas e efetivas naquilo que desejamos ser. Isso começa, primeiro na humildade em não se deixar vaidoso e sem limites, passa por unir sentimentos à razão e por fim a uma postura honesta e sincera consigo frente á resolução que nos é imposta.
Pois, diferente de provas e questões as quais somos submetidos, a explanação do raciocínio não é considerada. Pelo contrário, ela é incorporada, pode ser agraciada a alguns indivíduos que a fizeram e ser aplicada com rigor ao próximo e nisso não é maturar, mas andar em círculos..
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