Entre a Cruz e a Espada: Os desafios da escolha entre Ciro ou Haddad


Havia um tempo em que eu vivia
Um sentimento quase infantil
Havia o medo e a timidez
Todo um lado que você nunca viu

Agora eu vejo
Aquele beijo era mesmo o fim
Era o começo
E o meu desejo se perdeu de mim (RPM)

Nessa bela canção do grupo RPM, as frases parecem resumir a todos nós como é difícil apoiar o reformismo e suas pautas. É como se a carruagem em que viajasse pegasse fogo e estivesse em um desfiladeiro, você se deixa queimar ou se joga para o fundo do abismo?

Ao apoiar o cirismo, entregamos a alguém um poder para exercer um plano que pretende agradar a gregos e troianos.

Ora pois, sabemos que o jogo aqui só interessa a burguesia e, nesse caso, a burguesia nacional de pequenos empresários que adoram pactos conciliativos e aos intelectuais progressistas que adoram mais expansões que levam a grades cada vez mais largas para abrigar matérias que preenchem tempo para abrigar mais profissionais. Isso dá certo?

Na mente de quem defende, é a única solução para barrar os efeitos devastadores do neoliberalismo de forma radical e visceral em terra brasilis. De fato, Ciro retardaria o efeito, mas a quanto sangue, suor e lágrimas? A quantas divisões necessárias?

Seriam necessários goles de pingas para manter uma pequena dose de uísque blended. Compensa? Vemos que com aparelhamento da esquerda e sua falta de ação para mobilização é mais uma fábula.

Ao apoiar Lulismo em face de Haddad é novamente voltar a algo que se mostrou destrutivo e corrosivo. Separar os grupos, incentivar um consumo despossuído de crítica e reformas que vão agradar a bancos e construtoras.

Pesa ao PT a aversão gigante que sofre o dito antipetismo, sua prática nociva de aparelhamento e as inúmeras atuações contra estudantes, trabalhadores, etc.. Iremos esquecer 2013? Lei antiterrorismo?
Em suma, o PT não tem mais a força de outrora e não consegue prometer e promover uma agenda distinta da que se propôs a 16 anos atrás na carta ao povo brasileiro.

Deve ser difícil ser reformista nessas horas, escolher entre a cruz e a espada. De um lado a cruz que tanta leva nossos pecados, sangue e se confunde com o imaginário social na associação com o messianismo, por outro lado a espada que se associa a destreza e agilidade aos golpes, que carrega sangue, pecado e foi utilizada junto a cruz para levar a força de uma figura messiânica que já não estava mais ali.

Nessas horas, a opção é aquela que não possui nem sangue, nem pecado, nem pretende erguer figuras ou catequizar alguém. Afinal, melhor construir uma novidade ao utilizar os símbolos antigos que de tão impuros, matam pela pela cegueira ou sua ferrugem.

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