Pulou a Janela: Apontamentos sobre o Vaca Amarela
Ocorrido entre os dias 15 a 17 de setembro, no espaço cultural Martim Cererê (deveriam rever o nome em algum momento), o festival Vaca Amarela aportou tudo um pouco neste final de semana. Com uma proposta de apresentar a cena alternativa de Goiânia com alguns nomes da cena alternativa no Brasil, o festival mostrou muito o que não fazer no que se trata a um festival.
Com um preço bem caro e um público deslocado da realidade do festival, o que se viu foi mais um concurso de moda. Estilos distintos com um visual que Lady Gaga aprovaria, porém sem a cantora e, talvez, com os little monsters. Os ingredientes jogados ao caldeirão foram cenário perfeito para o pouco engajamento do público com relação aos artistas. Sem grandes nomes da cena de rock goiana (alô, Hellbenders - o vocalista estava lá) ou mesmo no Brasil (oportunidade boa para o Casa das Máquinas fazer um show de maior duração que aquele do Noise...) o que se percebeu foi um esvaziamento do rock. Sim, o rock quase não existiu no Vaca Amarela. Quando existiu, foi num palco longe com pessoas buscando entender se deveriam gritar, pular ou somente aplaudir. A engenharia de som pouco privilegiou a voz e priorizou o som dos instrumentos ao ponto de não se conseguir ouvir a poucos metros o que estava sendo cantado.
Sobre os palcos alternativos, a proposta foi péssima. Uma hora caia num som lento, outra hora um som de trap e outra num funk isto tudo junto sem o menor critério de como poderiam ser separados os dias para dar uma maior agenda as bandas e ao público. Isto sem contar a mistura de públicos e sons levou a uma das piores ideias já vistas em muito tempo em terras goianas, só não pior que a estátua do Diabo Velho no meio da Goiás com a GO-060.
Poderiam ser gastas linhas e mais linhas para falar sobre as propostas (ruins do festival) como o cartão consumação que custava 7 reais (era o valor da água, sim, 7 reais uma água), o valor do ingresso em torno de 60 reais por dia para se ter uma ideia. Já que tinha uma proposta alternativa, valeria tentar chamar Carne Doce, Chá de Gim, Cambriana (ou mesmo o projeto alternativo do vocalista) para a proposta goiana - nacional um El Efecto valeria a tentativa - uma tentativa de união para um show nostálgico da Banda Uó (caberia na proposta do palco Moov no sábado ou mesmo Asturia na sexta-feira), chamar Marechal ou mesmo Diomendes Chinaski para agitar o rap.
Mas nada disto foi pensado, o festival parece que aderiu ao agronegócio e tenta vender o leite e seus derivados para depois repartir a vaquinha em pedaços sem antes fazer uma bandeira inclusiva, alternativa e acessível. Acessível? Acredito que a vaca pulou a janela há tempos...
Comentários
Postar um comentário