Existe um mundo sem o peronismo?
A vitória de Milei na Argentina caiu como tragédia pela esquerda partidária e como triunfo pela direita partidária situados no Brasil. Por um lado, a vitória no circo eleitoral não aponta muita coisa, pois, ao olharmos bem, houve um alto índice de abstenção dos portenhos. Semelhante ao efeito eleitoral que elegeu Bolsonaro, o descontamento com a política polarizada por eixos de uma mesma moeda deu lugar a um novato com ares um tanto sobrenaturais.
O que diferencia Milei de outras figuras seria a sua capacidade em discursar acerca de medidas consideradas extremas, por exemplo, uma onda privatizadoras intensa, o fim do Banco Central e a dolarização da economia. As medidas já contam com a bênção do FMI que destinará bilhões de dólares às reformas necessárias. Outro sinal de aporte do mercado foi a valorização dos papeis da petrolífera argentina YFP que será privatizada por Milei. Em suma, por mais radical que sejam e por mais que assustem, Milei contará com amplo apoio, dinheiro e aval para triunfar os interesse capitalistas na região da prata.
Logo, não há radicalidade o qual o novo presidente propõe. A garantia ao mercado internacional, o prosseguimento do trabalho, a intensidade que será retirado deste trabalho e a produção de riquezas para usufruto ainda prosseguirá e agora, mais que nunca, com as ações diretas do capital especulativo.
O grande rompimento, neste momento, com as forças peronistas que perpassam tanto a direita como a esquerda Argentina. O populismo peronista possui tamanha força que até hoje, mesmo após quase 50 anos de sua morte, ninguém conseguiu superar o seu processo e/ou legado. O enfraquecimento do populismo no país aciona um sinal de alerta em razão da necessidade para com o fim das políticas de conciliação ocorrentes naquele país. Portanto abrem-se algumas possibilidades na Argentina.
A primeira possibilidade seriam críticas radicais e o freio para com as privatizações num primeiro momento. Algo que deve ocorrer é um refluxo e depois a eminente repressão para que estas ações ocorram, mesmo com as várias manobras e ações que podem ser inseridas no parlamento argentino. Este será puxado por movimentos sociais, sindicatos e apêndices do peronismo e/ou kirchnerismo. Algo semelhante aconteceu no Brasil quando Bolsonaro tomou posse, porém, creio, na Argentina será ainda mais intenso do que foi aqui.
A segunda possibilidade é uma falsa sensação de melhora que produzirá uma aceitação de tais políticas criando uma passiva ação no momento que forem implementadas. Nisto, o capital internacional será habilidoso e garantirá a Milei a possibilidade financeira para que toque o barco e despeje dinheiro para gerar esta falsa sensação. Por ser algo passageiro, esta situação será quebrada ao menor momento, porém, a boiada já terá passado.
A última possibilidade se dá pelo lado revolucionário e como este travará as lutas dentro deste campo. Pode ser que estejam com o peronismo em algum grau neste instante, demonstrando uma "convergência" de ideias para um mal menor ou a crítica ao mal maior. A outra procura de compreensão está numa postura anticapitalista ainda mais intensa e uma crítica feroz à cooptação por parte das forças populistas eleitoreiras.
A classe operária na Argentina pode mostrar seu potencial de radicalidade que já conhecido como o movimento dos piqueteros e as revoltas ocorrentes em 2001. Mas isto é abandonar o peronismo e a sua conciliação populista. A pergunta que fica é: Existe um mundo sem o peronismo?
É cedo pra saber!! O eleitorado argentino (mais aguerrido que o brasileiro) parece cansado do peronismo. Pagou pra ver!!! Mas creio que a frustaçao virá logo!!!
ResponderExcluirOlá, boa tarde. É cedo e concordo. As ações autogeridas tem força para ganharem terreno (algo que já ocorreu em 2001 na Argentina). Contudo, só ganharão se saírem da ideia do peronismo como possibilidade para se atingir uma certa estabilidade. A frustração sempre ocorre seja a direita ou a esquerda, mas desta vez a radicalidade pode ser mais profunda. Muito obrigado pelo comentário.
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