Contradições

Um silêncio se avizinha
um pai nosso, um estais no céu

Morreu jovem e moço
vítima da exploração
Inerte e sem ação

Agora se faz preces
se tecem teses
morreu de cansaço?
virou bagaço?

O recado foi dado
arritmia fatal
que todo mal
levou ao malgrado

As vozes especulam
baixas e nervosas
receosas e auspiciosas

Há um agito
pouco percebido

Surge lentamente a ponta dos dedos
estas criam forma
a palma surge

As mãos parecem criar forma
o espanto é ainda maior quando ela rompe

O silêncio volta junto a um espanto

Não aceitando o triste fim que aguarda
se reinventa e deseja algo

Água? Flores?
Recusas de imediato

Tentam cavar
a mão impede

Parece querer algo familiar
um pertence

Só haviam pertences de trabalho
uma foice e um martelo

Entregam estes as mãos

Elas agarram com força

Ouve-se um grito
há um triunfo
há uma esperança

O velório então é festa
para o povo do mundo inteiro
empatia, emancipação e autogestão

Os trabalhadores cantam
enfim eles dizem
Estamos unidos