As Ferramentas Dos Trabalhadores Ante Ao Capital

O texto apresentado por Rosa Luxemburgo¹ em 1894 tem a introdução sobre a história do dia dos trabalhadores. A paralisação na Austrália e que, anos depois, seria resgatada pelos trabalhadores estadunidenses em 1886 para lutar por uma reivindicação que foi conseguida : Trabalhar por 8 horas diárias. 


A movimentação dos trabalhadores e suas ações foram enxergadas de forma positiva pela autora(que não poderia prever a manobra do capital) e que se tornaria uma festividade e um dia de luta contra o uso abusivo da força de trabalho pela burguesia em suas fábricas.

Contudo, e como se reflete o dia do trabalho celebrado aqui no dia primeiro de maio. Afinal, ocorre alguma reivindicação e luta contra as 8 horas de trabalho? Os sindicatos podem exercer uma pressão forte contra o avanço do capital?

A primeira pergunta deixa nem a menor dúvidas, a desumanização pelo capital, o uso maior de tecnologia e um desemprego necessário em nada fizeram de avanço para a diminuição da carga horária. Algumas exceções nos países mais avançados do capital em nada refletem o todo do globo terrestre. A experiência em tais países mostram um outro tipo de estado que ali funciona e, portanto, obrigam a outras artimanhas do capital. Logo, a reivindicação hoje é para brecar maiores perdas como a precarização extensiva, terceirização fim e reformas previdenciárias e trabalhistas. 

A segunda pergunta que está ligado de forma íntima a primeira tem por mostrar que os sindicatos em nada apresentam como contribuição para a emancipação dos trabalhadores. No princípio do capital e de sua organização frente ao capital, teve total importância para avanços significativos e como uma barragem para os ataques ferozes das garras da burguesia. 

Mas como o capital é um sistema que absorve e modifica a dinâmica daquilo que lhe retira a máscara, os sindicatos, seriam em algum momento parte integrante do capital caso não houvesse renovação e descentralização. Os sindicatos passaram, assim como os partidos, por estruturas burocráticas robustas e que amortecem a luta de classes. Cooptadas por interesses de expansão e, porque não partidários, os sindicatos no Brasil aos poucos foram sendo uma testa forte do estado. Talvez seu único momento de luta mais distante do espectro governamental foi na ditadura militar, pois era necessário sua sobrevivência e ir contra aquilo que não permitia sua expansão e força. 

Portanto os trabalhadores sempre estiveram cooptados(no Brasil) ao estado e suas políticas (neo)populistas e (neo)desenvolvimentistas e aqui há uma clara referência ao varguismo e mais atualmente ao lulismo como governos que abusaram destes fatos para se elegerem e usarem destes instrumentos a favor da expansão do capital. 

Porém surge a pergunta final, qual seria a solução para os trabalhadores?

Os anarquistas acreditam no sindicalismo revolucionário, mas não seria o sindicalismo algo já absorvido pelo capital? No século 19 ele se encontrava em próximo a revolução, mas sua estrutura e forma não permite uma luta comum ao trabalhador no seio atual. O estágio que o capital se encontra a ideia de sindicalismo possuiria um ataque contrário e isso se reverteria nos trabalhadores e seus incentivadores, logo, tal estratégia não encontra mais força e coerência para uma outra sociedade.

Os marxistas autogestionários reivindicam uma associação dos trabalhadores e isto parece o mais coerente frente as necessidades atuais. Atuando como uma organização descentralizada e que, ainda, não foi absorvida pelo capital pode reivindicar uma luta crescente e de maior consciência para a exigência do comunismo de forma direta. Em suma, a experiência seria já, no seio da organização, a autogestão seria já ocorrente e familiar a todos não tendo então formas já viciadas e absorvidas pelo capital.

O problema se encontra que essa atuação e associação não tem força neste momento. Isto se deve pelo momento que ainda não conseguiu produzir, germinar e crescer o anseio dos trabalhadores. Se os sindicatos se encontram em crises e sem usos, uma organização autogestionária ainda engatinha e por, no futuro, ser a forma que deve alimentar e realizar os anseios e desejos do proletariado que com o acirramento da luta de classes necessitará se organizar a atuar para a efetivação da sua luta revolucionária.

O proletariado como um urso parece ter períodos longos de hibernação, mas basta uma faísca, um clarão um sentimento de fome e sede que ao acordar se arrancará de sua caverna e arrancará aquilo que lhe é seu. Sem acordos, sem líderes. A luta é única e deve ser com ferramentas que utilizem uma sociedade do futuro para a classe do futuro.

¹ https://www.marxists.org/portugues/luxemburgo/1894/02/dia.htm




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